26 de maio de 2015

CRÍTICA: MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA



MAD MAX, A ESTRADA DA FURIOSA

Após mais de trinta anos desde o lançamento do primeiro filme de Mad Max em 1979, o criador, roteirista e diretor George Miller volta aos cinemas com a mais nova aventura do cavalheiro solitário em: Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road no título original).

Segundo o diretor o filme não é um reboot e nem uma continuação, ele está “revisitando” essa história, ou seja, um reboot! Que tem elementos e até muitas referências aos primeiros filmes, só que nada tão importante e relevante, assim, não é necessário ter visto estes antes de assistir Estrada da Fúria. É o mesmo Max, no mesmo mundo pós-apocalíptico e violento dos anteriores.
Furiosa e Max
Nesse filme, Max (Tom Hardy) nos é apresentado logo no começo em uma fuga, seu carro capota na perseguição e ele é capturado pelos seguidores de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um “ditador” que tem controle sobre a água, um dos últimos recursos para a vida na Terra, e ainda por cima é idolatrado como um ser divino pelos seus seguidores, os War Boy (algo como os Garotos de Guerra), que fazem o que o seu “senhor” ordenar, mesmo que isso custe suas vidas. Joe parece estar doente e precisa de um herdeiro, porém nesse futuro onde as guerras nucleares devastaram o planeta e por conta da radiação ninguém mais nasce “normal”, ele busca em suas parideiras uma chance de conceber o “herdeiro perfeito” e a trama se desenvolve a partir desse ponto. A Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) é quem se encarrega de livrar as parideiras das mãos de Joe e dar liberdade a elas e a si própria. Com um plano já em mente, ela decide tirar as garotas da posse de Immortan e levá-las para sua terra natal, mas Joe não desiste facilmente e mobiliza todo seu exército e de outras duas cidadelas vizinhas (Vila Gasolina e Cidade da Bala) para uma caçada que se estende até o final do filme.


Achou estranho, na sinopse, não ter comentado mais sobre o Max? Pois então, é exatamente assim que o filme trabalha a presença dele. Ele não é o protagonista, é apenas o personagem que “está de passagem” e acaba se envolvendo na causa de Furiosa para salvar as garotas. A sua importância pode ser comparada a do Nux (Nicholas Hoult), um personagem que aparece desde o início do filme, é bem desenvolvido e tem um final excelente. Em relação ao roteiro, o filme apresenta muito bem a situação que se encontra o planeta Terra e como as pessoas passaram a se comportar de acordo com as suas necessidades, toda a atmosfera é impecável. Furiosa é uma personagem forte e com personalidade definida, ela como protagonista é excelente. Immortan Joe é um vilão fraco no quesito imposição de poder, não dá para ver nele uma real ameaça, apesar do visual incrível e amedrontador ele é enganado com muita facilidade, tirando-o de um patamar de autoridade para o de um monstro qualquer do desenho do Scooby-Doo. É mais fácil temer pelo o que os mutantes podem fazer com os “mocinhos” do ele próprio. Nux é um personagem de altos e baixos, não em atuação (que surpreende em certos pontos), nem em roteiro, mas da forma como sai do nível máximo de insanidade para um ser totalmente dócil e calmo.

Nux
A atuação de Tom Hardy é contida, exceto no começo do filme quando ele tenta escapar dos mutantes, nesse momento ele usa muitas expressões que junto aos flashbacks te mostram o quão perturbado o personagem é, mas não passa disso. Ele não teve tantos espaços para mostrar uma atuação como em Guerreiro, porém no fim das contas deu um bom Max, louco e são ao mesmo tempo, perturbado por um passado que o assombra frequentemente, “um homem de ação e não de palavras”. Com isso a Charlize dá um show. Ao contrário de muitos ali ela não está louca ou fora de si, ela tem um objetivo claro, voltar para casa e fazer o que for preciso para isso. É uma personagem que transmite força, seriedade, poder e que não tem medo de ninguém, entretanto tem a sutileza de uma mulher que vive num mundo totalmente maluco.

"Trio elétrico do inferno"
Tirando o Max que poderia ter mais cenas e o Joe que é um vilão que não põe terror, fraco, no sentido de te fazer sentir medo pelo o que ele pode fazer aos protagonistas, o filme tem um roteiro descente, nada inovador e nada muito arriscado também, sendo de fácil entendimento com o desenvolvimento que é dividido em três atos simples e coesos.

Immortan Joe
Se você procura um filme de ação, Mad Max Fury Road é a pedida certa, é ação do começo ao fim, com uma pausa no fim do segundo ato que serve para te preparar para o clímax final, são explosões, perseguições, batidas e tudo o que você possa imaginar que seja capaz de acontecer em um futuro pós-apocalíptico onde carros totalmente mecânicos são a única forma de ir à guerra. As cenas de ação foram gravadas com esmero, é de encher os olhos com tanta beleza sucateada explodindo no deserto. Uma coisa interessante é que o diretor por diversas vezes pega um ângulo de câmera bem afastado da ação, mostrando a quantidade de coisas que estão acontecendo ao mesmo tempo; uma cena que mostra isso com clareza é uma onde o caminhão de gasolina começa a explodir, a câmera se afasta para uma imagem aberta, nesse momento Max passa de um canto ao outro da tela pendurado na haste que serve para invadir outros veículos, ele não faz parte da cena, mas ele está ali envolvido em outro momento de ação.


A direção como um todo está de parabéns, destaques para a direção de arte e fotografia que poderiam muito bem pegar determinados frames e usá-los como pinturas em museus. É impressionante a sensação que o filme passa sobre a imensidão do deserto. Uma cena emblemática e totalmente artística é a da tempestade de areia em panorama, com os carros bem pequenos no canto da tela, nesse momento você não sabe onde acaba e onde termina o deserto, tudo é areia, do chão ao céu. Esse filme é lindo de se ver, se possível numa sala com a maior tela possível e com o melhor áudio também que é outro show à parte. A trilha do filme é coesa e “sincronizada” com a ação, com uma batida rítmica e ao som de um guitarrista mutante sem olhos que solta fogo pela guitarra em cima de um “trio elétrico do inferno” nas cenas de ação. Já os momentos onde há uma calmaria ela se torna um pouco ausente, mas bem pouco, pois em momentos onde teriam mais peso dramático uma entrada melódica seria ideal, só que o filme se contenta ao silencio do deserto, o que não é ruim, mas poderia investir mais na trilha dramática. Os efeitos visuais e de som estão magníficos, de encher os olhos e ouvidos.

OBS: todos os carros existem de verdade, foram construídos para o filme.
Mad Max: Estrada da Fúria (e não da Furiosa) é um excelente filme, com um modo de ação que não se via há muito tempo. Não é gradual e termina com um clímax impossível, é constante e finaliza de maneira genial. Sem tempo para respirar o filme consegue te prender por duas horas que passam voando. Se você quer ver um filme sobre o Max, recomendo o primeiro filme (de 1979), esse aqui se trata de um personagem alheio que se junta a uma causa e que logo após a conclusão da trama, segue seu rumo, este é o Max, um “cavalheiro solitário”. Com personagens marcantes como Furiosa e Nux (que tem as melhores frases do filme), um protagonista que está mais para coadjuvante, porém necessário, um vilão bobo que não consegue transmitir a sensação de maldade a nãos ser pelo seu visual e uma arte e imagem incrível, dignas de pinturas de museus, com carros insanos, perseguições que coloca Velozes 7 no chinelo e uma direção compacta, coesa e coerente, Mad Max é, até o momento, o melhor filme de ação de 2015 e vai ser difícil competir com ele.


Você já viu o filme? Concorda ou não com a crítica? Deixe seu “testemunho” no comentários com a sua opinião!

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