Desde sua criação até hoje, o
cinema vem se reinventando. Contando histórias que só podem ser passadas em
grandes telas, com pipoca e tudo o que tem direito. Uma sala de cinema é um
lugar único, feito para ver filmes, mas não qualquer filme, tem que ser algo
grandioso como o local onde está sendo exibido, porém, com o passar do tempo
isso veio mudando. O cinema hoje se tornou uma indústria e como qualquer indústria
ela visa atingir o maior público possível com seu produto, assim, obtendo um
lucro proporcional. Infelizmente é o que vem acontecendo com as “novas”
produções, onde as produtoras procuram agradar a todos com seu filme, mas isso
faz com que saia um filme genérico, sem um diferencial ou algo que te faça
querer ver o filme novamente.
Tente lembrar o último filme que
você viu e que não era uma adaptação de livro, um momento da história, de
quadrinhos, uma biografia ou algo que já foi contado em outra mídia, uma sequência
ou até mesmo um remake ou reboot. Mas isso tem um motivo. Pensando como uma
empresa, é mais viável investir em algo que o grande público já conheça, por
exemplo filmes de livros para adolescentes (Jogos Vorazes, Crepúsculo,
Insurgente, etc.), isso dá segurança a produtora por que já existe um público
que acompanha e, digamos, é “fiel” a série e é certeza que comparecerá para ver
o filme no cinema. E a certeza disso é tamanha, que nos últimos anos que
lançaram filmes baseados nesses tipos de livros, eles foram a maior, ou umas
das maiores, bilheterias do ano. Então por que investir em roteiros originais e
ideias que podem ou não dar certo, se já existe uma história pronta, com
milhares de fãs pelo mundo e que (com certeza) a maioria, se não todos, irão
ver no cinema? Esses filmes só “perdem” quando tem um filme de super-herói no
mesmo ano, o que se tronou tabela. Todo ano tem pelo menos dois ou três filmes
baseados nos quadrinhos da Marvel. E agora a Warner anunciou filmes até 2020
baseados no universo da DC Comics.
Então fazendo as contas são: dois
filmes da Marvel, dois da DC, um da Fox e talvez um da Sony, ou seja, são cinco
ou seis filmes de heróis que estão por vir a cada ano que segue. Fora as
continuações de outras sagas que estão a caminho. Estamos indo ao cinema para
ver mais do mesmo, nada do que nos impressione, na verdade vamos ver esses
filmes para saber “o que acontece depois do último? ”. A quanto tempo a Pixar,
um sinônimo de criatividade e histórias originais (que só ela é capaz de
produzir) não lança um filme inédito, sem que seja Carros 2 ou Toy Story 3?
Para entender melhor o que está
acontecendo, veja o gráfico a baixo dos top 10 filmes de cada ano:
FONTE: www.shortoftheweek.com |
Mas nem tudo é ruim, até por que
qual fã não gostaria de ver uma adaptação de seu super-herói ou de seu livro
favorito nos cinemas? Assumo que gosto bastante do que a Disney está fazendo
com a Marvel e quando Harry Potter foi até o oitavo filme, não achei ruim, eu
queria ver mais daquele universo e “é aí que mora o perigo”. Quando algo é constante,
uma hora acaba enjoando e perdendo a graça e creio que as fontes vindas de livros
e outras coisas que são usadas para adaptar ao cinema um dia vão se esgotar.
Você já assistiu Birdman, o ganhador
de melhor filme no ultimo Oscar? Ou os seus concorrentes como: Boyhood,
FoxCatcher, O Abutre e O Grande Hotel Budapeste? Tenho quase certeza de que se
você viu o cartaz desse filme no cinema a atenção que foi dada deve ter sido mínima.
Esses filmes são histórias originais, idealizadas com o propósito de serem únicas,
todas muito boas, mas (pensando como empresa novamente) por quê investir nesses
filmes, se a maior bilheteria do ano arrecadou US$ 772,5 Milhões? Enquanto Birdman
(que é uma obra de arte), custando US$ 18 milhões, arrecadou US$ 76,5 milhões.
Viu a diferença? Ah e a bilheteria que arrecadou quase um bilhão de dólares ali
é Guardiões da Galáxia!
Felizmente ainda são feitos
muitos filmes de qualidade, mas com um investimento muito a baixo das grandes
produções com seus efeitos especiais, explosões e roteiros preguiçosos. O público
se acostumou a ver esse tipo de conteúdo no cinema, fazendo com que o
investimento só aumente a cada ano, por que é mais rentável à empresa do que um
cara com uma história “fora da caixinha” que nem sabe se vai vingar em
bilheteria. A consequência? Filmes fracos de roteiros ou qualquer outra coisa
que torne um filme bom, mas com efeitos de encher os olhos, um romance clichê ou,
o que está na “moda”, um triangulo amoroso.
Assim como qualquer arte, o
cinema é feito para impressionar, te fazer pensar, encher os seus olhos de
emoção com uma história, refletir sobre os seus conceitos, despertar a
imaginação. Só que a indústria nos acostumou a ver o de sempre, a mesma coisa
com algumas mudanças. Acho que seriados nós vemos em casa e não na sala e
cinema, cada filme efeito para ser único, então dêm uma chance para esses
filmes que não te chamam a atenção pelos trailers, quem sabe ele possa te
surpreender.
Concorda? Discorda? Deixe seu
comentário, depois que eu voltar da seção de Vingadores: Era de Ultron, podemos
ter uma discussão saudável sobre o tema.
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