14 de abril de 2015

ANÁLISE: BETTER CALL SAUL



Criada como um derivado (ou spin-off) da tão aclamada série Breaking Bad, Better Call Saul chega com uma proposta diferente dela, que ao invés de apresentar uma trama densa, pesada e com acontecimentos mais sérios, aposta no contrário, ou seja, um roteiro descontraído, cômico, em certos momentos engraçados e uma pitada de drama. Para isso trouxeram de volta um personagem que, todas as vezes que aparecia em Breaking Bad, se destoava por ser o perfil inverso dos protagonistas (Walter White e Jesse Pinkman) que não tinham experiência no mundo do crime, esse era Saul Goodman, “o advogado do crime”.

A série conta a história de James Morgan McGuill ou só Jimmy (Bob Odenkirk) em sua jornada rumo ao sucesso como advogado e que para isso topa o trabalho que for preciso, desde trabalhar para detentos e heranças de idosos a um cliente que quer seu terreno independente dos Estados Unidos, com direito a moeda própria e tudo mais. Em seu passado, Jimmy, era conhecido por ser malandro e sempre se safar dos problemas, mas ele cansou dessa vida e decide que quer seguir no caminho certo, como advogado ele pensa que conseguirá atingir seus objetivos, entretanto, se dá conta de que se quiser crescer, sozinho, e obter respeito no meio, é preciso voltar a ser o mesmo “Jimmy Escorrega” de antes.


E a trama se desenvolve nisso, nele tentando encontrar uma maneira de “dar a volta por cima”, porém, em conflito com seus novos ideais ele se vê em duas vias, ganhar o sustento de forma “legal” e dentro da lei, ou agir como antigamente e (não passar por cima das leis, mas) burlá-la. Com roteiro de Vince Gilligan e Peter Gould, e praticamente a mesma equipe de produção e direção de Breaking Bad, não há como deixar de comparar ambas, que apesar de terem tons distintos uma da outra, elas são bem parecidas em alguns aspectos, tanto técnicos quanto de roteiro e desenvolvimento, mas deixemos Breaking Bad para outra hora.

O roteiro é bem simples, sem muitas reviravoltas ou algo que seja muito impactante, por outro lado, é bem desenvolvido e a construção do protagonista é muito boa, assim como a de Mike, outro personagem de Breaking Bad que ganha espaço aqui. A série conta mais da história de Mike (Jonathan Banks) e mostra outro lado do personagem, mas ainda mantendo a sua essência. O elenco todo foi bem escolhido e todos os atores fazem um excelente trabalho, destaque para Bob que conseguiu dar uma nova “vida” para Jimmy e Jonathan que, também, impressiona em momentos de drama.


A direção e produção são espetaculares. Assistindo, você se habitua a cidade onde a série se passa, muito detalhada e com vida. Tem também o que foi feito em Breaking Bad em relação às cores das roupas dos personagens e a palheta da cena em relação as personalidades de cada um, é conhecido como a teoria das cores e é ideia de Vince que usa isso para dar características aos seus personagens, não é nada exagerado, muito pelo contraio, é sutil e só quem ficar prestando atenção nisso vai perceber. A fotografia é muito boa também, variando de desertos, tribunais e outros ambientes dentro da cidade, é tudo bem “mostrado” e imersivo.

Há alguns deslizes de roteiro, como a personagem amiga de Saul, Kim Wexler (Rhea Seehor), que poderia ser mais aproveitada, por que seu papel serve meio que pra auxiliar a trama em sua continuidade e isso não é feito de uma maneira convincente, por exemplo, algo acontece e Jimmy não sabe como agir perante isso, ai ela aparece sem mais nem menos, ajuda-o a lidar com tal situação e depois sai de cena da mesma forma que entrou. Nada que prejudique ou te deixe confuso, mas por diversos momentos me perguntei: “de onde ela veio mesmo?”. E tem alguns momentos aonde a trama não vai pra frente e nem pra trás, como no episodio piloto que é bem confuso e não explica muita coisa, o que deveria ser diferente por se tratar do primeiro episodio; se exagerar no “mistério”, acaba que não conta nada e faz quem viu perder o interesse logo no inicio, assim como na participação dos dois garotos que se estende muito e chega a ficar repetitiva.

Mike (Jonathan) e Jimmy (Bob)
Better Call Saul é uma série de alta qualidade em todos os sentidos, produção, direção, roteiro e todo o resto, com um protagonista carismático e uma trama que hora é drama, hora é comédia, ela te prende fácil depois do começo que é bem monótono e sem muito desenvolvimento. Tanto Bob quanto Jonathan fazem excelentes interpretações, variando de cenas mais densas à cenas hilárias, não um humor “pastelão” e sim algo mais sutil e inteligente. Vale a pena dar uma chance para Better Call Saul, por que, apesar do começo, tem um bom desfecho.

A série tem dez episódios e foi transmitida pela AMC nos Estados Unidos e também já conta com os dez episódios disponíveis na Netflix. Não tem confirmação sobre uma segunda temporada.

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