5 de abril de 2015

ANÁLISE: HOUSE OF CARDS



Não é novidade nenhuma que a Netflix revolucionou o mercado de entretenimento áudio visual, mas eles começaram tímidos; primeiro com um catalogo fraco, com poucos filmes de relevância e poucos assinantes, porém, hoje não só é a maior nesse ramo, com centenas de filmes, desde lançamentos até os clássicos, como também produz seu próprio conteúdo cem por cento digitais, é só entrar, escolher e assistir. Sem precisar esperar lançar episódios toda semana, você assiste na hora e da forma que quiser e a sua primeira produção nesse formato foi House of Cards.

Lançada a primeira temporada em janeiro de 2013 com treze episódios, a série se baseia em um livro de mesmo nome escrito por Dobbs Michael, livro esse que já havia recebido uma minissérie produzida pela BBC que não teve tanto sucesso. Beau Willimon é a mente por trás da serie que conhecemos hoje e não foi nada fácil tirá-la do papel. A MRC (Media Rights Capital), uma produtora independente tinha a intenção de produzir um seriado e apresentou o projeto para outras emissoras como HBO e AMC, mas foi a Netflix que abraçou a ideia e investiu pesado na produção, tanto que em março de 2011 anunciaram Kevin Spacey como um dos produtores e também como o protagonista. Seria esse o inicio de uma nova era, ou melhor, de uma nova democracia. A democracia Underwood.



Francis Underwood (Kevin Spacey) é um politico democrata do 5º distrito da Carolina do Sul nos Estados Unidos que de longe parece ser só mais um engravatado no congresso. Frank é o líder da maioria de seu partido e seu trabalho é manter a ordem meio a dezenas de senadores, porém, com as eleições para o novo presidente fica lhe prometido o cargo de Secretário de Estado. O partido de Frank vence a eleição e Garret Walker (Michael Gill) é eleito o presidente, nesse momento Francis fica a espera de sua nomeação, entretanto isso não acontece e ele se vê traído e começa a tramar, das maneiras mais complexas e inteligentes possíveis, uma forma de ascender ao poder.



Já li em muitos lugares que dizem que a série é sobre politica e conflitos pessoais, mas discordo. A série mostra o que um homem é capaz de fazer por poder, não dinheiro, apenas poder e o ator Kevin Spacey consegue passar, ao longo das temporadas, o que essa ganância traz como consequências. Sua atuação é magnifica, sem deslizes ou momentos em que ele é mais ator (Kevin) do que personagem (Underwood); dá pra perceber uma entrega total ao seu trabalho, tanto que ele puxa o sotaque característico dos norte americanos do sul do país, caracterizando ainda mais o perfil do personagem.

"Eu amo aquela mulher. Eu a amo mais do que os tubarões amam sangue."

O “casting” de atores é um dos melhores atualmente, não só Spacey faz um trabalho excelente como a sua companheira de cena, Robin Wright (Claire Underwood), que antes de ser esposa de Frank é sua cumplice. É uma atuação tão profunda que ao mesmo tempo em que ela parece ser uma mulher submissa ao seu marido, consegue passar um “ar” de poder e autoridade sobre Frank. Outros atores que se destacam também, com atuações imersivas e bem trabalhas, são Kate Mara (Zoe Barnes), uma jornalista que tem “sede” de sucesso e está disposta ao quer for preciso para alcança tal status, Michael Kelly (Doug Stamper), enquanto Claire é o braço direito de Francis, Doug é o esquerdo, ele é quem faz o “trabalho sujo” e, assim como Claire, está pronto para o que der e vier para poder ajudar Frank na ascensão ao poder.

Kate Mara, Kevin Spacey, Robin Wrigth e Michael Kelly

Poderia falar de todos os atores, por que todos eles, sem exceção, fazem um trabalho fora de série, mas o seriado não se faz só de atores. Como o tema abordado pela série é algo muito mais voltado para o desenvolvimento de personagens e como eles interagem entre si, não há espaço para cenas de ação ou coisas mais agitadas, então a aposta é em diálogos inteligentes, bem pensados e cenas complexas, dessa forma prendendo a sua atenção. A ambientação na maioria das vezes se passa na Casa Branca e aos arredores de Washington DC. e mesmo assim é impressionante a forma como esses lugares são mostrados. Nada é jogado de forma gratuita, tudo tem um significado e todos os lugares dão sentido ao roteiro. E que roteiro.

"Por trás de todo grande homem tem uma mulher com sangue em suas mãos."

O roteiro é um show a parte. Para entender House of Cards não é necessário um conhecimento prévio sobre como funciona a politica do “Tio Sam”, a série te apresenta e explica todos os cargos e seus deveres de uma maneira concreta e simples, nada de explicações entediantes, é tudo exposto em conversas entre os personagens de forma natural. O desenvolvimento em certos pontos chega a ser lento, mas se levar em consideração que o seriado, por diversas vezes, te deixa perplexo sobre algum acontecimento fazendo com que muitas vezes você se pega pensando: “Não, ele não fez isso! Não é possível.”.


Algo recorrente é a quebra da quarta parede ou quando o ator se volta para a câmera e conversa diretamente com quem está assistindo, e são nesses momentos em que se percebe a maestria na atuação de Kevin Spacey. Isso não acontece com muita frequência e tem momentos que ele não diz nada, simplesmente te olha e volta pra cena, como se quisesse dizer: “Olha ai, não disse.”. Com seu papel em House of Cards, Spacey já ganhou um Globo de Ouro como melhor ator de série dramática em 2015.

Com atores muito bons, uma direção competente em todos os quesitos, fotografia, corte, paleta de cores, identidade visual e com uma trilha sonora dosada, ausente às vezes, mas muito boa também, House of Cards é a melhor série já produzida pela Netflix e top cinco das melhores séries do momento. Atualmente na terceira temporada, a série tem todos os episódios disponíveis para assinantes e essa semana foi anunciada para 2016 a quarta temporada.


"Tudo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder."

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